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Mathias Emke

Mathias Emke

@mathiasemke

A teoria do camundongo para a liderança!

Minha real intenção nesse artigo é mostrar que o bom Líder do século XXI, não só compartilha seus conhecimentos com seus colaboradores, mas também aprende com eles. Muito mais que se tornar apenas o chefe e dono da verdade, devemos ser Mentores e Curadores de conteúdos de nossas próprias equipes e empresas.

Isso, porém, é uma tarefa que pode ser altamente prazerosa, mas ao mesmo tempo altamente exigente. Compartilhar conhecimentos é mais fácil que compartilhar aprendizados, uma vez que a segunda exige sintonia e engajamento entre líderes e liderados que irão crescer e amadurecer DURANTE o processo de aprendizagem.

Compartilhar, não só, seu conhecimento prévio, mas também os aprendizados que o dia-a-dia nos oferece exige muita seriedade, preparo científico/técnico, emocional e até mesmo afetivo. É uma tarefa que requer dos líderes um gosto especial por ver o crescimento das pessoas a sua volta, mas, particularmente um gosto especial pelo próprio processo em si.

É impossível ensinar atualmente sem se mostrar vulnerável e esse talvez seja o maior problema para líderes que insistem em obter controle através de uma falsa imagem de seres intocáveis e donos da verdade. Não existe ninguém que saiba tudo de determinado assunto. Precisamos ter humildade para reconhecer e exaltar as habilidades e conhecimentos de nossa equipe e precisamos ter maturidade para entender que por vezes iremos nos deparar com problemas sem solução de “bate-pronto”, então teremos que dividir anseios e colher juntos os resultados no final.

Compartilhar o APRENDIZADO é ter paixão não só pelo resultado final, mas pelo caminho, pela jornada, é compartilhar os pequenos erros e os grandes acertos, por vezes até o oposto disso. Nossa equipe sempre será orgânica e por esse motivo devemos aceitar a naturalidade da evolução e do amadurecimento.

Tradicionalmente ainda temos uma visão muito enraizada no século XX. Aquela que o líder aparece como uma figura de comando superior, um capitão, um comandante, um chefe, alguém que detém um poder conquistado ou mesmo herdado. Todos nós já ouvimos o mantra previsível da liderança que é: Para ser um grande líder você deve ter Carisma, Conhecimento e Visão de futuro.

Mas será que só isso é realmente suficiente nos dias de hoje?

Vou facilitar e adiantar a resposta: NÃO. Embora essas características sejam fundamentais e de extrema importância para o Líder, não são mais suficientes. Para se ter sucesso e permanecer eficaz no dinâmico ambiente de negócios atual, os líderes precisam se adaptar mais rapidamente às suas novas funções e precisam conhecer, de fato, seus liderados.

Há uma infinidade de pessoas oferecendo conselhos sobre o assunto. Gosto muito da visão do autor Simon Sinek, que a inspiração é a chave do sucesso, seja buscando cooperação, confiança ou mudança. Ele desenvolveu a teoria do círculo dourado, explicando que para se chegar à inspiração devemos atingir o centro das nossas ações. Buscar o porquê fazemos o que fazemos. Deixar de focar em Processos e Produtos e começar a identificar e lapidar o Propósito das ações e das pessoas.

Tenho para mim que liderar é uma enorme aventura, onde todos os dias acontecem fatos diferentes e que por vezes sequer temos controle. Pensando nisso e juntando tudo que já li e vivenciei eu criei uma Teoria que carinhosamente chamei de:

TEORIA DO CAMUNDONGO

Obviamente o nome vem da minha admiração pela cultura de excelência Disney e pelo legado que Walter deixou. Antes de explicar a teoria em si eu gostaria de dizer que separei as Habilidades de Liderança do século XXI em 04 grandes grupos e posso afirmar com tranquilidade que qualquer habilidade que pensar pode se encaixar nos grupos abaixo.

1- INTRAPESSOAIS: Sim, o líder como indivíduo único é importante. A autoconsciência é saber no que você é bom e reconhecer o que ainda precisa aprender. Isso inclui admitir quando você não tem a resposta e reconhecer os erros. As organizações se beneficiam mais dos líderes que assumem a responsabilidade pelo que não sabem do que dos líderes que fingem saber de tudo.

2- INTERPESSOAIS: A comunicação é vital para os líderes, seja um para um ou para grupos maiores. Saber como abordar diferentes pessoas de diferentes setores, gerações, culturas ou hierarquias não é simplesmente um extra opcional é uma habilidade fundamental. Lembre-se de que grande parte da comunicação envolve ouvir, compreender o momento e o “background” do outro e um líder precisa treinar e desenvolver particularmente suas habilidades de escuta ativa.

3- “INTERTECNOLÓGICAS”: Conhecer a tecnologia é fundamental e saber interagir com ela mais ainda. O Líder deve descobrir o porquê de implementar uma atualização e a capacidade de adotar novas perspectivas em antigos processos. Mais uma vez o ambiente seguro proporciona uma facilidade na adoção e implementação de novas atitudes, plataformas e ferramentas.

4- CRIATIVAS: Garanto para vocês que a maioria das ideias inovadoras foram consideradas loucuras até fazerem sucesso… Então os idealizadores passaram a ser geniais. Em um mundo cada vez mais incerto e imprevisível, líderes fortes precisam tomar decisões ousadas que às vezes podem ser incompreendidas ou até contra intuitivas. Mas é importante que o líder crie o ambiente seguro para que todos ousem e se permitam errar pequeno. Amadurecendo durante o processo para que então aconteça a Inovação.

Agora que você já conhece os grandes grupos de Habilidades de um Líder, vamos falar de como elas se relacionam e como juntas formam a Teoria do Camundongo, que recebeu esse nome porque envolve três grandes círculos e suas intersecções. Como podem ver abaixo:

Vendo os três círculos assim fica praticamente impossível não fazer a relação com o Camundongo mais famoso do mundo.

Vamos então nomear os círculos da teoria: No primeiro temos o Conhecimento do Líder, que esta intimamente relacionado com suas próprias habilidades Intrapessoais e seu autoconhecimento. Já no segundo círculo temos o Conhecimento dos Outros ou mesmo das demais equipes da empresa, e em relação ao líder está vinculado com as habilidades interpessoais e a capacidade de interação e comunicação.

No círculo maior temos todo o aprendizado que irá ocorrer na trajetória da equipe e liderança durante o trabalho. O Aprendizado é o que ainda está por vir e não se tornou o conhecimento sedimentado e background das pessoas. Neste círculo podemos colocar as habilidades “Intertecnológicas” e as habilidades Criativas, uma vez que tem forte relação com a Inovação e o poder de se adaptar ao novo.

Dessa forma nosso Diagrama ficará assim:

Ainda podemos notar 4 intersecções entre os círculos e elas refletem relações de extrema importância para a liderança do século XXI.

A primeira intersecção acontece entre o Conhecimento do Líder e o Aprendizado, o que gera a EXPERIÊNCIA DO LÍDER. Muito importante para a formação de seu pensamento crítico, será um forte fio condutor de sua tomada de decisão e era muito valorizada no século XX, tida como única experiência importante, as demais pessoas da equipe só precisavam executar ações e comandos.

A segunda intersecção acontece entre o conhecimento da equipe ou demais pessoas com o Aprendizado e isso gera a Experiência da Equipe, ou mesmo, Experiência dos Outros. Muito importante para se gerar uma equipe com diversidade e com um alto range de pensamento crítico. Muito pouco valorizada no século passado, começou a ser levada em consideração no início dos anos 2000, pois constatou-se que essa variedade de pensamento pode gerar diferentes soluções para o mesmo problema.

Ainda temos 2 intersecções importantes.

Aquela que ocorre entre o Conhecimento do Líder e o Conhecimento da equipe recebe o nome de CONHECIMENTO COMPARTILHADO e acontece em equipes onde o líder se mostra acessível e geralmente discute as soluções com a equipe. Ele se utiliza da sua diversidade disponível para aumentar as possibilidades de solução e escolher dentre elas a melhor possível para resolver o problema.

O Líder moderno passa mais tempo cuidando de sua equipe e aumentando essa troca de conhecimento do que sozinho em sua sala obtendo mais conhecimento para si mesmo.

Porém eu pude perceber que apenas compartilhar já não basta mais, e olha que isso já é um grande avanço se comparado ao mercado de 10 ou 20 anos atrás.

A última e mais importante intersecção esta relacionado com todos os conhecimentos e todo o aprendizado, chamo de APRENDIZADO COMPARTILHADO. Porém para essa troca de aprendizados acontecer de maneira real e autêntica o líder deve se mostrar vulnerável e acessível. Preciso dizer aqui que vulnerabilidade não quer dizer fraqueza.

Vulnerabilidade é a capacidade de assumir que não sabe determinado assunto e que será preciso pesquisa, teste, audácia de implementação e até o risco de falhas. É aqui que surge a Inovação e onde a segurança do ambiente de trabalho precisa aparecer. Ninguém está disposto a arriscar em ambientes incertos. É preciso segurança para o surgimento de novas idéias e novas perspectivas.

Quem deve cuidar desse ambiente é o Líder, por isso nunca se esqueça da teoria do Camundongo. Junte sempre os 3 círculos para evoluir e amadurecer JUNTO com sua equipe. Divida as dúvidas do processo e também os louros da vitória. Se apaixone não só pelo crescimento da equipe, mas pela jornada necessária para isso.

Seja um Líder acessível e também vulnerável em admitir que não sabe de tudo e por esse motivo contratou os melhores para fazer parte do seu “Dream Team”.

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